Já reparaste que, às vezes,
encontramos numa música, num poema, um pedido.
Para veres como um músico ou um poeta
nos pede um pouco mais disto e/ ou mais daquilo, apresento-te:
- o tema “paciência” do cantor Lenine, interpretado por Mafalda Veiga e João Pedro Pais () ;
- o poema “Um pouco mais de nós”, de José Jorge Letria:
Um Pouco Mais de Nós
Podes dar uma centelha de lua,
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem teto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem fatura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.
E, afinal, tudo isso quanto vale?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo ato amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.
José Jorge Letria
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem teto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem fatura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.
E, afinal, tudo isso quanto vale?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo ato amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.
José Jorge Letria
Agora, é a tua vez de seres um poeta ou músico.
Qual seria o teu pedido?
Escreve um texto em verso ou prosa para lhe dar voz.
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